A biblioteca viva da capoeira coexistindo com a nova geração e reescrevendo uma nova história. Assim foi o reencontro entre os ancestrais da arte-luta na Roda do Século, um dos momentos mais aguardados do 2⁰ Festival de Capoeira. Os Mestres Griôs da contemporaneidade deram um show de ginga, musicalidade e troca de saberes no último ato desta edição do evento, finalizado neste domingo (5), no quadrilátero da Biblioteca Central.
Os discípulos do Mestre Bimba e Mestre Pastinha comandaram a roda e foram ovacionados pelo público por continuarem perpetuando o legado da capoeira. Foram eles: Mestre Felipe de Santo Amaro, Mestre Curió, Mestre Pelé da Bomba, Mestre Nô, Mestre Zé Mário, Mestre Jorge Satélite, Mestre Lua Rasta, Mestre Zé do Lenço, Mestre Santa Rosa, Mestre Baiano, Mestre Carcará, Mestre Olavo, Mestre Alabama e Mestre Boca Rica.
Coordenador do eixo “Capoeira tem Ancestralidade”, o Mestre Tonho Matéria saudou todos os outros mestres e mestras presentes e falou sobre a importância de valorizar os Griôs. “Esses mestres existem e resistem até hoje, com toda a dificuldade em suas trajetórias, carregando nas costas a missão de manter viva a tradição da capoeira. Devemos, sim, exaltar todo esse legado que eles estão nos deixando”, disse.
Coordenador-geral do evento, Jacaré DiAlabama reverenciou os baluartes: “Esses mestres representam uma coletividade, daqueles que dedicaram suas vidas para a capoeira e morreram à míngua, sem nenhum reconhecimento em vida. Esses mestres deveriam ser reconhecidos não só por nós, mas por toda sociedade brasileira. Eles representam a construção de uma nação”, disse.
Um dos momentos mais marcantes da Roda do Século envolveu o Mestre Zé Mário, que mesmo com pouca mobilidade, numa cadeira de rodas, entrou na roda para gingar, provando que a capoeira é, de fato, sobre resistir no jogo e na vida.