Ginga, beleza e representatividade desfilaram na passarela montada no Espaço Moa do Katendê
A noite de sábado (4) foi brindada com o Desfile-Manifesto “Capoeira tem Estilo”, um grandioso ato de exaltação à cultura e identidade negra no 2⁰ Festival de Capoeira Ancestralidade e Resistência. Mestres, Mestras, capoeiristas de todas as idades e modelos exalaram ginga, beleza, diversidade e empoderamento na passarela montada no Espaço Moa do Katendê, quadrilátero da Biblioteca Central.
O Desfile foi dividido em suas categorias: trajes de capoeira e moda afro, promovendo o lançamento da marca de roupas Nagô. A Mestra Princesa, coordenadora do eixo “Capoeira tem Criatividade”, ressaltou a indumentária tradicional como parte da identidade da capoeira. “Ao longo do tempo, a nossa forma de se vestir se mostrou única. Das calças de sacos de açúcar aos abadás. A elegância da vestimenta dos Angoleiros, os sapatos, os chapéus, as contas. Tudo isso criou o estilo próprio da capoeira”, disse.
Apresentações artísticas e culturais potencializaram o desfile. A Orquestra de Berimbaus de Mulheres (IGBADU), do Grupo Nzinga Salvador, fundado pela Mestra Janja, deu um show à parte. Outros destaques foram o poema-protesto declamado pela capoeirista Borboleta e a expressividade da dançarina Experimenta DiAlabama, além de outras intervenções artísticas que culminaram numa homenagem aos Mestres e Mestras.
Representando a ancestralidade, Mestre Curió levou sua singularidade para a passarela. Já a Mestra Bia desfilou exaltando o protagonismo feminino na capoeira. Ao final do desfile, foi realizada uma homenagem aos Mestres Griôs como forma de agradecimento à imensa contribuição deles para a manutenção da capoeira, foram eles: Mestre Felipe, Mestre Pelé da Bomba, Mestre Nô, Mestre Zé Mário, Mestre Jorge Satélite, Mestre Zé do Lenço, Mestre Lua Rasta, Mestre Santa Rosa, Mestre Baiano, Mestre Boca Rica, Mestre Carcará, Mestre Alabama, Mestre Olavo, Mestre Curió. Mestra Janja foi a única mulher a receber a condecoração por sua trajetória de luta e resistência na capoeira.
Mestre Tonho Matéria e Jacaré DiAlabama homenagearam as memórias do Mestre Brandão e Mestre Virgílio, que faleceram pouco antes do Festival. “Ao longo da produção do Festival perdemos muitos mestres, dois deles estariam aqui sendo homenageados: Mestre Virgílio, um dos grandes defensores da Capoeira Angola da Bahia e Mestre Brandão, que levou a capoeira para diversos países. Até quando vamos deixar esses mestres morrerem na invisibilidade?”, questionou Jacaré.
Representantes do poder público, patrocinadores e apoiadores estiveram presentes no evento, entre eles, o vereador Augusto Vasconcelos (PCdoB), Juremar de Oliveira, chefe de gabinete da Setre, Weslen Moreira (Artesanato da Bahia) e Denise Assis (BahiaGás). O Desfile-Manifesto foi produzido pela Focus Escola Artística.