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O encontro entre a sabedoria ancestral e a energia jovem foi celebrado na noite deste sábado (15), penúltimo dia do Festival de Capoeira: Ancestralidade e Resistência, durante a Homenagem aos Mestres e Mestra Griôs, guardiões vivos da cultura popular. A edição lembrou o centenário do Mestre Canjiquinha, eternizado no panteão dos capoeiristas da Bahia.

A cerimônia de honraria foi aberta com uma ladainha cantada pelo compositor e Mestre de Capoeira Felipe de Santo Amaro, que aos 98 anos é o mais longevo griô em atividade no mundo.

Em seguida, foram apresentados os homenageados:

Mestre Felipe Santo Amaro

Mestre Curió

Mestre Olavo

Mestre Carcará

Mestre Virgílio da Fazenda Grande

Mestre Nô

Mestre Baiano

Mestre Zé Mário

Mestre Boa Gente

Mestra Lene

A reverência e reconhecimento à vasta contribuição dos detentores da tradição foi prestada com uma roda de capoeira, considerada patrimônio cultural imaterial do Brasil e da humanidade pela UNESCO. Capoeiristas de diferentes graduações e idades apresentaram jogo individual e coletivo, com destaque para as crianças, que carregam em suas corporeidades a herança africana, apontando caminhos para um futuro ancestral.

No final, as crianças entregaram a faixa que simboliza esforço e resistência dos Mestres que lutaram pra manter o legado da capoeira vivo.

Primeira Mestra homenageada

O Festival de Capoeira: Ancestralidade e Resistência fez história ao homenagear a primeira mulher entre os Griôs em três edições. O título foi concedido à Mestra Lene, integrante da Associação Brasileira de Capoeira Angola (ABCA) e companheira do Mestre Pelé da Bomba (1934-2024). Mesmo não cumprindo o requisito de ter mais de 80 anos, a Mestra foi honrada por todo o seu legado de luta pela inclusão e respeito das mulheres na capoeira.

“Eu já participei de vários festivais, e graças a Deus esse ano me escolheram como Mestra para representar não só a Capoeira Angola, mas sim todas as mulheres e toda essa ancestralidade. Eu estou levando essa faixa com muito orgulho. A capoeira é um aprendizado diário. Posso estar agora com 60 anos, 40 anos de atividade, mas ainda sou criança dentro da capoeira, ainda estou aprendendo. Quando a gente pensa que aprendeu tudo, vem uma alguém fazendo movimento que você faz com dificuldade, aí você vê que ainda não aprendeu. Eu agradeço ao Festival, a Jacaré e a toda produção do evento que só me acolheu. Obrigada!”.

Capoeira com Direitos e Deveres

Coordenador do CMB, Jurandir Júnior (Jacaré DiAlabama) ressaltou que a capoeira ainda sofre entraves políticos para o seu devido reconhecimento e lembrou a comunidade que a arte-luta não só é feita nas rodas, convidando a comunidade a se mobilizar pelas causas sociais.

“Essa homenagem deveria estar sendo feita pelo governo brasileiro, por toda a sociedade. Não é possível ter uma comunidade tão expressiva como a nossa, tão significativa para a cultura brasileira, e ao mesmo tempo a gente não consegue acesso as políticas públicas e reconhecimento. É preciso ter união. Nós construímos um curso para os filhos de capoeira, vamos aprender a ler, vamos ensinar. Tem muitos capoeiristas dedicados a essa causa. Esse festival celebra uma das coisas que a gente sempre sonhou. Temos um passo importante, que é a capoeira nas escolas públicas. Mas a gente precisa desenvolver esse senso de coletividade entre nós. Tem muita gente para jogar capoeira, mas pouca para lutar pela capoeira”, disse emocionado.

Música

A noite foi encerrada com o show especial da banda Adão Negro, uma das maiores representantes do Reggae Music Brasil. Liderada pelo vocalista Serginho, o grupo trouxe clássicos dos seus 30 anos de carreira, com canções como “Anjo Bom”, “Eu Louvei” e “Me Liga”.

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