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Os diálogos transversais foram conduzidos pela Mestra Janja, Mestra Princesa e Jacaré DiAlabama

Um espaço de aquilombamento, troca de experiências e histórias de vida. Essa foi a proposta da Roda de Conversa: Ancestralidade e Resistência, que aconteceu na Biblioteca Central, como parte da programação do 2⁰ Festival de Capoeira. Os diálogos transversais foram conduzidos pela Mestra Janja, Mestra Princesa e Jacaré DiAlabama com colaborações de agentes sociais da capoeira e representantes públicos.

Uma das Mestras mais atuantes na luta pelo protagonismo feminino e combate ao preconceito e violência, Janja deu um depoimento comovente sobre sua trajetória e relação com a arte ancestral: “Eu entrei na capoeira no início dos anos 80 e a capoeira era um instrumento com o qual eu olhava pra sociedade e via a necessidade de atuar pela redemocratização, contra o regime militar e pela reafricanização da cultura baiana. Essas bandeiras de lutas foram se desdobrando e atualizando, como o racismo, sexismo, LGBTfobia, etarismo, capacitismo. Ou seja, uma série de arestas que precisam ser podadas dentro da capoeira, porque precisamos validar o compromisso histórico dela que é com a liberdade”, disse.

Presidenta da Salvaguarda da Capoeira, a Mestra Princesa exaltou o grupo enquanto lugar de preservação das tradições afro-brasileiras: “Nós da Salvaguarda somos um coletivo e hoje somos legitimados pelo poder público e seguimos dialogando com essa esfera para garantir direitos para a comunidade da capoeira. Já travamos vários embates e tivemos muitas conquistas, como o PL Moa do Katendê, a luta contra o Conselho Regional de Educação Física para não impedir nossos professores de ensinarem capoeira e atualmente estamos nos dedicando à ocupação e gestão do Forte da Capoeira, na iminência de torná-lo o nosso Centro de Referência”, disse.

Representando o coletivo Capoeira em Movimento Bahia, Jacaré DiAlabama comentou sobre a importância de diálogos como esses para a construção de um pensamento crítico na capoeira. “Aqui não é um fechamento, mas uma provocação. São reflexões permanentes que precisamos continuar tendo, sobretudo, nesse caráter de luta e resistência, levando em consideração a nossa ancestralidade”.

Outros Mestres, Mestras e Contramestres foram saudados e tiveram a oportunidade de participarem, como a Mestra Patrícia, Mestra Malu, Mestra Tiza, Mestre Duda, Mestre Paulão e Contramestres Bizonha e Sem Terra.

A Sepromi-BA, nas figuras da titular Ângela Guimarães e Alexandro Reis, também discursaram na Roda de Conversa. “Contem com a Sepromi para o incentivo e a valorização da cultura afro-brasileira e o reconhecimento do protagonismo dos negros e negras na contrução e formação do nosso país, e isso inclui a comunidade da capoeira”, disse a secretária.

Fotos: Alex Sander e Fernando Udo

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