A ausência da capoeira na grade curricular e os desafios para a regulamentação do projeto de lei para reverter essa realidade foram os principais assuntos discutidos na roda de conversa “Capoeira nas Escolas Públicas”, realizada neste domingo (5) dentro da programação do 2⁰ Festival de Capoeira. Mestres de capoeira, docentes e gestores públicos participaram do debate com a sociedade civil na Biblioteca Central.
Compuseram a roda a professora da rede pública e vencedora do prêmio LED de Educação, Vitalina Silva, o professor e pesquisador Mestre Soldado, o coordenador pedagógico Mestre Duda e a deputada estadual Olívia Santana, autora do PL Moa do Katendê, que visa instituir a capoeira nas escolas. A parlamentar comemorou a aprovação do projeto, mas reconhece que há um caminho a percorrer. “A Lei 10.639 reconhece o valor da capoeira e vai ocupar e ressignificar a nossa história nas escolas”, disse.
Mestre Soldado reiterou que os avanços nesse setor estão acontecendo. “20 anos atrás a gente estava dando aula de capoeira e o Conselho Regional de Educação Física queria impedir, hoje temos uma lei”.
Democrática, a roda foi aberta para a opinião do público. O Mestre Curió foi chamado para compor a mesa e fez um tocante desabafo: “Quem vai estar na escola? É o capoeirista ou quem tem faculdade? A capoeira não nasceu na faculdade, que a faculdade nos abrace, mas ela não pode nos cobrar e nem nos excluir. Os mestres do passado não têm ensino superior. Lembrem-se que: antes do professor de educação física praticar a capoeira nas escolas, tinha os mestres do passado que eram considerados vagabundos. Hoje o pessoal está tomando a nossa história, nos excluindo e pegando a maior fatia do bolo. Não tenho nada contra quem é da faculdade, tenho contra o sistema cruel e opressor”.
A professora Vitalina, por sua vez, pontuou: “Se queremos transformar, precisamos começar do nosso lugar, e o lugar ideal para isso acontecer é na escola pública, porque lá estão pessoas como a gente”. Já o Mestre Duda lembrou que a luta para garantia de direitos precisa ser constante. “Quando que as coisas foram fáceis pra capoeira? A gente vai discutir hoje, amanhã, e sempre. Vamos continuar na resistência”, finalizou.